quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Estudo científico sugere que vikings foram os primeiros humanos a chegar ao Pico


Um estudo internacional divulgado recentemente, que contou com a participação de investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos - Açores (CIBIO), detetou presença humana no arquipélago açoriano 700 anos antes da chegada dos portugueses.

Intitulado "Climate change facilitated the early colonization of the Azores Archipelago during medieval times" ['As alterações climáticas facilitaram a colonização precoce do Arquipélago dos Açores durante a época medieval', numa tradução livre], este estudo, publicado na revista científica PNAS [link], reconstruiu as condições em que os Açores foram habitados pela primeira vez e o impacto que a presença humana teve nos ecossistemas do arquipélago.

Em particular, numa sondagem de sedimentos datados entre 700 d.C. e 850 d.C. efetuada na lagoa do Peixinho, na ilha do Pico, os investidores observaram um aumento assinalável de um composto orgânico chamado 5-beta-estigmastanol, que é encontrado nas fezes de ruminantes, como vacas e ovelhas. Eles também observaram um aumento nas partículas de carvão e uma queda na abundância de pólens de árvores nativas, talvez apontando para humanos cortando e queimando árvores para abrir espaço para o gado pastar. Pólen de um azevém não nativo aparece em camadas da ilha montanha datadas de cerca de 1150. Achados semelhantes foram igualmente encontrados nas ilhas São Miguel, Terceira, Flores e Corvo.

O estudo sugere ainda, tendo por base diferentes simulações para determinar as condições climatéricas, que os primeiros colonizadores do arquipélago eram “provavelmente” oriundos do norte da Europa e que encontraram “condições climáticas favoráveis para navegar em direção aos Açores no final da Alta Idade Média, devido à predominância dos ventos de nordeste e o enfraquecimento dos de oeste”.

Por fim, e notando que, em 2015, um outro estudo tinha avançado que os ratos açorianos compartilham uma quantidade substancial de ADN com populações de ratos que se originaram no norte da Europa, um investigador externo ao estudo supracitado relata na prestigiada revista Science que os ratos poderiam ter vindo à boleia nos navios dos vikings e encontrado uma ilha com muitos recursos e poucos concorrentes ou predadores; por outras palavras, este investigador afirma os ratos são como “artefatos vivos” da presença viking.

Posto isto, os vikings acabam de ganhar mais uma categoria: para além de exploradores, guerreiros, comerciantes e piratas, ao que tudo indica alguns tornaram-se nos primeiros picarotos!

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