sábado, 29 de junho de 2019

Carta Aberta com Proposta de Soluções para o Transporte Aéreo nas Gateways do Triângulo


No seguimento dos contactos da nossa parte com o Governo Regional e a Administração do Grupo SATA, quer presencialmente, quer por comunicações por correio eletrónico, vimos mais uma vez (por via desta carta aberta) retomar o diálogo construtivo (que tem sido o nosso apanágio) tendo em vista a solução de diversos problemas que se verificam nas acessibilidades às ilhas do Triângulo a partir do exterior da Região.

Problema: cancelamentos de voos territoriais, por parte da SATA/Azores Airlines, para o Pico e para o Faial.
Cada voo cancelado, independentemente da respetiva causa, gera prejuízos não só para a companhia, mas também para os residentes e, sobretudo, para os empresários da área do turismo. A questão é que o impacto no Triângulo de um qualquer cancelamento, nomeadamente de voos vindo do exterior dos Açores para o Pico ou para o Faial, é muito elevado por duas razões: falta de alternativa e escassez de voos face à procura.
A par da apresentação de soluções, há um trabalho que tem de ser efetuado o quanto antes: 
Qual o custo/impacto de um cancelamento na economia das ilhas do Triângulo (S.Jorge, Pico e Faial) e nas contas da SATA?
  • Quanto deixa de faturar a hotelaria e a restauração, cujos respetivos impostos deixam de constituir receita da Região?
  • Quanto custam as refeições, alojamento e indemnizações (se aplicável) aos passageiros afetados, valor este que tem de ser suportado pela SATA, ou seja, indiretamente estes gastos constituem uma despesa da Região?
Contabilizando tudo isto, pode-se chegar à conclusão de que mesmo as soluções mais caras eventualmente pagam-se a elas próprias.
— A título de exemplo, se um cancelamento afetar 250 passageiros (ex., 100 ida + 150 volta), e se for aplicável a indemnização compensatória de 400 € (ao abrigo do regulação europeia 261/2004), então são necessários 100.000 € só para suportar estas indemnizações; se houver uma média de 10 situações de cancelamento por ano com direito a indemnização (o que está em linha com o que se tem verificado recentemente no Pico e no Faial, atendendo aos cancelamentos por razões operacionais), em 15 anos, por exemplo, serão necessários cerca de 15 milhões de euros só para suportar indemnizações compensatórias!

Soluções a curto prazo para as rotas do Pico e do Faial com Lisboa
  • Criação de um guião de procedimento interno da SATA/Azores Airlines aquando de um cancelamento: passos a tomar, como encaminhar os passageiros, como gerir recursos acessórios de forma eficiente (ex., refeições, transporte e alojamento, quer em Lisboa, quer nos Açores) — este guião deve ter em consideração a opinião dos trabalhadores que, no seu dia a dia, estão em contacto com os passageiros, percebem melhor os seus anseios e sentem também as suas dificuldades. [Nota: minimizar ao máximo a má experiência sentida pelo passageiro devido a um cancelamento é a melhor forma de tentar assegurar que ele volta a escolher a companhia para voar.]
    • Sugestão 1: aquando de um cancelamento no Pico/Faial com encaminhamento para a ilha vizinha, entregar um panfleto (em português e inglês) a explicar, por passos, o que vai acontecer (ex., onde apanhar o autocarro, como levantar o bilhete de barco, onde levantar e deixar a bagagem de porão, tempos estimados de viagem, etc.) — isto permitiria demonstrar melhor a preparação e profissionalismo da SATA face a estas situações.
    • Sugestão 2: aquando de um cancelamento em Lisboa, fornecimento de um número exclusivo de telefone de contacto para esclarecimento de dúvidas ou, em alternativa, disponibilização numa página online das informações relacionadas (ex., muitas vezes vai ser reposto um voo mas ainda não é conhecida a nova hora/dia aquando do cancelamento; assim os passageiros saberiam sempre qual a informação mais recente).
  • Concentrar pilotos e frota Airbus A320 da SATA/Azores Airlines nas rotas do Pico e do Faial com Lisboa, através da transferência de outras rotas efetuadas por estas aeronaves para companhias de ACMI — rotas como Ponta Delgada/Porto, Ponta Delgada/Frankfurt ou Ponta Delgada/Cabo Verde podem ser efetuadas por empresas de ACMI, libertando aviões e recursos para servir melhor as ilhas do Triângulo (não só menos cancelamentos, mas também mais voos).
  • A par da formação já em curso de mais pilotos para a SATA/Azores Airlines que podem operar no Pico e no Faial, aferir que outras tripulações técnicas podem operar nestes aeroportos e se, eventualmente, pertencem atualmente a quadros de companhias de ACMI, podendo assim contribuir mais rapidamente para uma solução. Além disso, pode-se ponderar qual o custo/benefício de a própria SATA promover a certificação de pilotos externos, nomeadamente os pertencentes aos quadros de empresas de ACMI. [Nota: apesar de a SATA/Azores Airlines operar em exclusivo no Pico e no Faial, no passado recente também já operou a TAP e a TUI, sendo que os respetivos pilotos podem ter trocado de companhia no entretanto.]

Soluções a médio prazo para as rotas do Pico e do Faial com Lisboa
  • Flexibilização ou liberalização das rotas Lisboa/Pico/Lisboa e Lisboa/Horta/Lisboa, de forma a criar uma maior atratividade para qualquer companhia aérea que queira explorar estas rotas, incluindo a SATA/Azores Airlines.
    • Considerar uma flexibilização das Obrigações de Serviço Público (OSP), onde na época de maior procura (Verão IATA) o espaço aéreo estaria mais próximo das regras de mercado livre, podendo ser oferecidos benefícios/compensações para a(s) companhia(s) que opere(m) na época baixa (Inverno IATA).
    • Em alternativa, considerar a liberalização total e acabar com as OSP, salvaguardando que o Governo Regional, acionista único da SATA, irá dar instruções para garantir um serviço mínimo adequado ao longo de todo o ano.
      • Nota: existem alguns constrangimentos associados às OSP, tais como obrigação de cumprimento de certos horários, de os voos terem de ser efetuados em determinados dias da semana, não possibilidade de cancelar voos com muito baixa taxa de ocupação, existência de um valor máximo da tarifa para residentes, etc., os quais podem estar a penalizar a SATA/Azores Airlines e que seriam anulados com a flexibilização/liberalização das rotas Lisboa/Pico/Lisboa e Lisboa/Horta/Lisboa.
  • Interligação entre o transporte aéreo e o marítimo.
    • Procura constante no ajuste e otimização dos horários dos aviões com os horários do transporte marítimo de passageiros, de forma a tentar potenciar ao máximo que qualquer voo para uma gateway do Triângulo sirva todas as três ilhas que compõem esta zona do arquipélago.
      • Nota: se os voos conseguirem servir as três ilhas do Triângulo ao mesmo tempo, então qualquer passageiro saberia que poderia chegar ao seu destino final por mais do que uma via, tornando os horários de voos para diferentes ilhas do Triângulo como verdadeiramente complementares e nunca concorrentes, o que é benéfico para todos (passageiros, companhias aéreas e empresas da área do turismo).
    • Para além de reservas online no que concerne ao transporte marítimo de passageiros (já existente no website da SATA/Azores Airlines), criação de um canal de comunicação direto entre os aeroportos e as gares marítimas do Triângulo, de forma a otimizar as interligações.
      • Poder-se-ia informar antecipadamente quantos pretendem utilizar outro meio de transporte, o que não só ajuda na gestão de recursos (ex., chegada simultânea de várias pessoas a um aeroporto vindos de um terminal marítimo, ou vice-versa), bem como poderia salvaguardar que a interligação não era perdida devido a atrasos na partida/chegada (ex., um navio poderia esperar alguns minutos — apenas 5 minutos poderiam ser o suficiente — para garantir que os passageiros chegam ao destino no horário pretendido).
    • Implementação de medidas operacionais e outras (ex., legais) de forma a ser possível ter uma experiência mais agradável entre a origem e o destino final.
      • Exemplificando, fazer o check-in com bagagem de porão no aeroporto de Lisboa e apenas levantar a mesma no Terminal Marítimo das Velas, ou ser automaticamente realocado num navio posterior caso um voo se atrase em demasia (semelhante ao que já acontece com o serviço “Lufthansa Express Rail”) seriam inovações e mais-valias que demonstrariam como os Açores podem estar na vanguarda do serviço aéreo/marítimo mundial.

Soluções a longo prazo para as rotas do Pico e do Faial com Lisboa
  • Ampliar as pistas do Pico e do Faial, de forma assegurar a operação sem limitações de payload para as aeronaves das famílias Airbus A320 e Boeing 737.
    • Esta é a única solução que também resolve outros problemas para além de falta de tripulação técnica, tais como penalizações que inviabilizam o transporte de carga e bagagem de todos os passageiros, ou mesmo alguns cancelamentos em dias de condições atmosféricas adversas.
    • Possibilidade de operar no Pico e no Faial um maior leque de aviões, incluindo o Airbus A321neo atualmente já pertencente à frota da SATA/Azores Airlines, o que também aumenta a redundância e reduz drasticamente a falta de alternativas.
    • Ao diminuir as limitações operacionais destas pistas, também seria mais facilitada a operação de qualquer piloto ou companhia aérea, eventualmente sem necessidade de certificação, o que facilitaria não só a gestão de recursos humanos, mas também a contratação de empresas de ACMI em caso de necessidade.
    • Possibilidade de potenciar fluxos atuais e iniciar novas rotas através de operações sazonais ou voos charter (ex., voos diretos para o mercado da saudade), o que também libertaria lugares nas rotas inter-ilhas, beneficiando todo o arquipélago.
      • Nota: como foi visto no início, apesar de esta solução de ampliação de pistas ser a mais onerosa, eventualmente ela paga-se a si própria.
  • Em alternativa à ampliação, criação de uma base especial da SATA em Lisboa, com (pelo menos) um avião dedicado às rotas Lisboa/Pico/Lisboa e Lisboa/Horta/Lisboa.
    • Esta solução permite ter uma aeronave adaptada às condições atuais das pistas do Pico e do Faial, que opere sem limitações nos dois aeroportos (ex., Airbus A319, Airbus A220 e Embraer E190-E2) e com capacidade adaptada à procura em ambas as estações IATA, com possibilidade de reforços no Verão IATA.
    • Projeta-se, com esta sugestão, uma rentabilidade da operação considerando uma rotação diária com Lisboa em ambos os aeroportos, atendendo ao número de lugares a preencher (menor que os A320) e com custos de operação bastante inferiores aos atuais. Com base na ocupação atual, no Verão IATA a operação continuaria a ser rentável com um reforço de uma segunda aeronave, permitindo duas rotações diárias para cada uma das ilhas do Pico e do Faial.
    • Com exceção do Airbus A319, as outras aeronaves sugeridas (Airbus A220 e Embraer E190-E2) permitem também voos desde o Pico ou o Faial para pontos do centro da Europa e mesmo até à costa leste da América do Norte, possibilitando não só potenciar fluxos atuais, mas também iniciar novas rotas através de operações sazonais ou voos charter (libertando igualmente lugares nas rotas inter-ilhas e beneficiando, assim, o arquipélago como um todo).

Como sugestão final, a SATA poderia reunir anualmente com as partes interessadas (associações empresariais, câmaras municipais, etc.) para expôr os planos de programação para as estações IATA relativamente aos voos entre o exterior e o Triângulo, para que possam justificar o número de frequências, horários e eventuais limitações a ajustes (slots em Lisboa, disponibilidade de aeronaves, horários que não podem mudar muito no inverno por causa do pôr-do-sol, estatísticas de ocupação das estações IATA anteriores para justificar alterações do número de rotações, etc.), gerando mais transparência e melhor compreensão de todos.


Por fim, há que salientar que o cancelamento de voos vindos do exterior da Região para o Pico ou para o Faial não é só um problema destas duas ilhas, ou que afeta diretamente apenas o Triângulo; este é um problema dos Açores, cuja resolução, através de soluções efetivas e duradouras, tornará o arquipélago açoriano mais forte, mais equilibrado e mais justo.

Haja saúde!

Ivo Sousa
Luís Ferreira
Bruno Rodrigues

Post scriptum: Esta carta aberta, da exclusiva responsabilidade do Grupo Aeroporto do Pico, foi entregue, como anexo, na reunião do Conselho de Administração da SATA com as forças viva do Pico (realizada em São Roque do Pico, em 24 de junho de 2019), e também foi entregue, igualmente como anexo, na reunião conjunta entre o Presidente do Governo Regional dos Açores e várias entidades do Triângulo (realizada na cidade da Horta, em 26 de junho de 2019).

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Concerto "Açores Canta"


Mais de 100 eventos nas 9 ilhas dos Açores terminam a 29 de junho, com o concerto "Açores Canta" encerrando, assim, a sétima edição do Azores Fringe, o festival internacional de artes nos Açores.

"Açores Canta" é um novo programa da MiratecArts, entidade organizadora do festival, construído para incentivar jovens a pesquisar e a cantar música açoriana. "Desde o tradicional cancioneiro às composições mais recentes é o que desejamos desta dúzia de participantes que vêm das 9 ilhas" avança Terry Costa, o diretor artístico da MiratecArts. "É incrível perceber que as gerações mais novas não conhecem o que se faz na região, por isso esperamos que este programa comece a dar um novo impulso nessa vertente".

O programa oferece aos jovens workshops de voz, performance, experiência em estúdio de gravação e ainda a oportunidade de mostrar sua voz ao público no concerto final num dos grandes palcos açorianos, o Auditório da Madalena. O espetáculo tem participação especial das vozes de Sara Miguel, dos Bruma Project, e de Jean-Daniel Sénesi, uma nova aquisição artística da França para a ilha do Pico.

O programa tem o apoio da Direção Regional da Juventude e o espetáculo final é possível com a parceria com a Câmara Municipal da Madalena. "Juntos conseguimos mais" diz Terry Costa, que continua a incentivar as entidades públicas, empresas e comunidade a colaborarem, cada vez mais, e a apoiarem o desenvolvimento das artes nas nossas ilhas "pois só assim vamos conseguir ter uma voz no mundo."

"Açores Canta", o concerto, acontece no sábado 29 de junho, pelas 21h30, no Auditório da Madalena. A entrada é livre para toda a família. Este é o evento oficial que encerra o Azores Fringe, um festival que viu trabalhos de mais de uma centena de artistas, de todas as ilhas, do norte a sul de Portugal e de vários países do estrangeiro.

Haja saúde!


Post scriptum

Açores Canta juntou jovens cantores das 9 ilhas

O desafio da associação MiratecArts para com os jovens açorianos foi lançado no passado inverno para cantarem música do cancioneiro açoriano. Depois de inscrições, criação de vídeos pessoais, responder a inquérito e acertar calendários de todos os que queriam e qualificavam a participar, foram 10 as vozes, oriundas de todas as ilhas, que se juntaram na ilha montanha para o último fim de semana de programa no Azores Fringe - o festival internacional de artes, "uma explosão artística dos Açores para o mundo".

Bárbara Cabral, Carolina Soares, Deolinda Ortins, Jeremias Aguiar, Joana Pacheco, João Neves, Laura Santos, Sámira de Jesus, Sara Sacramento e Viviana Esteves receberam um fim de semana de programa educativo e atividades que vão ficar para a vida. Workshops de voz e performance aconteceram enquanto a turma do primeiro Açores Canta planeava para a apresentação ao vivo, que aconteceu no passado sábado, 29 de junho, no Auditório da Madalena. Sara Miguel, dos Bruma Project, foi a diretora musical e formadora de voz para o Açores Canta, enquanto o próprio fundador da MiratecArts, Terry Costa, liderou a direção artística. Os jovens ainda tiveram a oportunidade de passar umas horas em estúdio e gravar música no HD Produções na ilha do Pico.

Chamateia de Luís Alberto Bettencourt e António Melo Sousa foi a música mais escolhida pelos participantes quando desafiados a cantar algo que representasse os Açores. Assim, Sara Miguel, arranjou para 3 vozes e solos a musica favorita e a turma Açores Canta 2019 ensaiou e cantou no concerto final do programa. O próprio Luís Alberto Bettencourt expressou a sua felicidade do programa incentivando a equipa: "As vozes são magnificas e o arranjo também. Façam um video, merece muito ser difundido. Fico grato e orgulhoso."

Açores Canta teve apoio da Direção Regional da Juventude e da Câmara Municipal da Madalena. Terry Costa admite que MiratecArts deseja "continuar a desenvolver esta turma e quem sabe para o ano convidar uma nova turma a se juntar ao projeto. O Festival Cordas acontece em setembro e estamos pensado em fazer uma fusão entre os instrumentos de corda e as cordas vocais." Isto é Fringe. Isto é MiratecArts - promovendo os Açores com arte e artistas.




quinta-feira, 27 de junho de 2019

Triângulo unido falou a uma só voz sobre ligações aéreas


O dia 26 de junho de 2019 fica para a história das ilhas de São Jorge, Pico e Faial: o Triângulo uniu-se e falou a uma só voz com o Governo Regional dos Açores sobre acessibilidades aéreas a esta parcela da Região.

Em concreto, associações empresariais e movimentos cívicos destas três ilhas — a Associação de Turismo Sustentável do Faial, a Associação Comercial Industrial da Ilha do Pico, o grupo Aeroporto da Horta, o grupo Aeroporto do Pico, a Câmara de Comércio e Indústria da Horta e o Núcleo Empresarial da Ilha de São Jorge — apresentaram ao Presidente do Governo Regional e à Secretária Regional dos Transportes e Obras Públicas (durante uma reunião que teve lugar na cidade da Horta) o seguinte memorando:
Vivem-se atualmente, nas ilhas do Triângulo, tempos de grande instabilidade e imprevisibilidade sobre o futuro. O início do Verão é uma vez mais marcado pela repetição de um cenário de caos nos transportes para as estas ilhas. Para além de uma avaria num dos ferries que liga regularmente estas ilhas do Grupo Central e do atraso e posterior rescisão de contracto de um navio que iria complementar a operação sazonal, sucedem-se as ameaças de colapso do serviço prestado pela SATA/Azores Airlines: para além dos atrasos constantes, tivemos cinco cancelamentos de voos de Lisboa para as Gateways do Faial e Pico em menos de duas semanas, uma ameaça de greve dos Tripulantes de Bordo (de dez dias consecutivos em cada mês, com início em Junho) e um pré-aviso de greve dos pilotos da Azores Airlines, com início em Julho. Começou mal o Verão e prenuncia-se ainda pior. 
Para os cidadãos e empresários do Triângulo, já nada disto é surpreendente: a SATA é uma empresa com fraca capacidade de resposta, recursos insuficientes e estratégia errante. 
Nós, Faialenses, Picoenses e Jorgenses, estamos exasperados e cansados da repetição deste cenário. Nós, cidadãos destas ilhas, não nos conseguimos deslocar para ir a uma consulta ou para fazer tratamento médico porque não há lugares nos voos, que são insuficientes e com grande procura por parte de visitantes. Nós, empresários do Triângulo, investimos no turismo e outras indústrias, criando empregos e gerando dinamismo na nossa economia local, mas sentimos agora o garrote da SATA a estrangular os acessos à região e a afastar-nos dos potenciais mercados. 
É certo que o número de turistas aumentou nos últimos anos, atestando a qualidade e o potencial destas 3 ilhas como destino turístico de excelência, mas, com a verificada estagnação na oferta de ligações aéreas e a insegurança constante no serviço prestado pela SATA, o futuro continua a ser
marcado a passo, sempre prejudicado com os falhanços desta empresa, sempre na iminência de um pesado retrocesso.
 
Por causa da SATA, muitos de nós olha com receio e pessimismo para o futuro. Sem acessibilidades funcionais nestas ilhas, os investimentos efectuados são completamente insustentáveis. 
No seguimento dos acontecimentos anteriormente citados, as entidades que requereram a reunião reivindicam as seguintes acções: 
1) O serviço às ilhas sem espaço aéreo liberalizado tem que ser a prioridade da SATA/Azores Airlines
A operação da SATA/Azores Airlines deve ser recentrada nas ilhas onde não existem alternativas de transporte aéreo. Havendo escassez de recursos (aeronaves ou tripulação) a prioridade deve ser aumentar número de voos para as Gateways das ilhas sem espaço aéreo liberalizado (especialmente nos meses de Julho e Agosto) e só depois complementar a oferta nas ilhas com espaço aéreo liberalizado (São Miguel e Terceira), onde os privado já conseguem satisfazer a demanda, havendo alternativas de transporte.
Também o serviço da SATA Air Açores deve ser reforçado na ilha de São Jorge, dando resposta às necessidades específicas desta ilha, que não possui Gateway.
 
2) Outras companhias devem ser convidadas para complementar a actividade da SATA/Azores Airlines
Devem ser realizados todos os esforços para atrair, o mais rapidamente possível, outras companhias aéreas que complementem e reforcem a capacidade de resposta da Azores Airlines no Triângulo. A nosso ver, a TAP seria o parceiro ideal para esta operação, pois nos 30 anos que operou na região, manteve sempre um serviço fiável e de qualidade.
 
3) Os parceiros sociais devem ser ouvidos na definição das Obrigações de Serviço Público
O enquadramento das novas Obrigações de Serviço Público (OSP) deve ser discutido com os parceiros sociais, envolvendo também as entidades representativas do sector do Turismo. Este trabalho deve começar com a máxima brevidade possível, para que as mesmas possam ser aprovadas e publicadas no mais curto espaço de tempo, mantendo, no entanto, um alinhamento e transparência com o sector empresarial do Turismo.
As OSPs devem ainda ser estipuladas tendo em conta o aumento da procura turística do Triângulo nos últimos anos, acautelando não só as necessidades actuais mas também as futuras, por forma a não inviabilizar os investimentos já realizados nesta área.
 
4) Deve haver investimento nas Gateways do Triângulo de modo a permitir melhoria a sua operacionalidade
Deve ser feito o reconhecimento da importância e preservação das Gateways do Triângulo. Estas duas portas de entrada (aeroportos da Horta e do Pico) são fundamentais para um desenvolvimento equilibrado e justo do arquipélago, sendo que não devem ser vistas como passíveis de serem preteridas, mas sim como Gateways que devem ser potenciadas e constantemente melhoradas (incluindo as imprescindíveis melhorias infra-estruturais e de operacionalidade de cada uma das Gateways).
 
5) O Plano Integrado de Transportes (PIT) deve ser concluído e implementado
Tendo em conta as especificidades do Triângulo no contexto açoriano a implementação de um PIT iria permitir que estas três ilhas não fossem vistas como realidades concorrentes, mas funcionassem antes de forma verdadeiramente complementar. Assim, teríamos três destinos a funcionar em cluster, com três aeroportos à escolha (sendo dois deles Gateways) o que permitiria mais opções de transporte, independentemente do destino final específico de cada passageiro.
 
6) A mobilidade dos Açorianos deve ser protegida no contexto do crescimento do turismo na região
Para além da garantia do acesso de turistas à região, permitindo a natural expansão do sector do turismo, deve ser acautelado também o direito à mobilidade dos próprios cidadãos. Havendo um aumento cada vez maior da procura de transportes aéreos por parte de turistas, são muitas vezes os próprios açorianos que ficam prejudicados e se vêm impossibilitados de viajar, dentro e para fora da região, por falta de lugares nos aviões. Esta situação é actualmente bastante recorrente, sendo ainda mais grave quando isto é impeditivo da realização de tratamentos médicos necessários.
 
7) A ligação marítima São Jorge/Pico deve ser reforçada
A ligação marítima S. Jorge/Pico tem de deixar de ser confusa e irregular. O Triângulo só poderá funcionar verdadeiramente em cluster quando o transporte marítimo de passageiros tiver horários fixos, quer em termos de horas, quer em termos de portos escalados. À semelhança da ligação Horta/Madalena, cuja regularidade permite aos residentes e empresários uma planificação eficaz e com muita antecedência, é necessário criar a mesma estabilidade na ligação S. Jorge/Pico. Basear um navio nas Velas e efetuar viagens para S. Roque do Pico, todos os dias e sempre no mesmo horário, proporcionaria a estabilidade necessária e eficaz para potenciar ainda mais a complementaridade aérea existente no Triângulo.
 
8) Deve ser a avaliado se os encaminhamentos estão a servir o propósito de facilitar o acesso às ilhas sem espaço aéreo liberalizado em igualdade com as ilhas que o tem
Deve ser feita uma avaliação, com escrutínio público, sobre a eficácia dos encaminhamentos enquanto instrumento de igualdade de acesso às ilhas que não têm espaço aéreo liberalizado. Deve ser feita também uma avaliação sobre o impacto deste mecanismo nas contas da SATA. 
A SATA apenas justifica a sua existência ao servir os açorianos. Enquanto companhia pública, tem que ser um instrumento de igualdade de oportunidades, assegurando que todas as ilhas têm acesso ao mercado e o direito a explorar os seus potenciais económicos, privilegiando o serviço às ilhas onde não existem outras companhias aéreas a operar e outras alternativas de transporte.

O executivo respondeu a várias perguntas que lhe foram dirigidas (durante quase duas horas), mostrando a sua posição, sem no entanto se comprometer com medidas concretas.

Imediatamente após o final da reunião, e culminando da melhor forma esta iniciativa, cerca de uma centena de pessoas saudou com uma enorme salva de palmas os representantes do Triângulo, comprovando-se, assim, que unidos somos mais fortes!

Haja saúde!

Post scriptum: Este artigo foi igualmente publicado na edição n.º 41.906 do 'Diário dos Açores', de 28 de junho de 2019 | Link para reportagem vídeo.


quarta-feira, 26 de junho de 2019

Comemorações dos 15 anos da classificação da Paisagem Protegida da Cultura da Vinha da Ilha do Pico e da respetiva designação como Património Mundial


Entre os dias 27 de junho e 2 de julho de 2019, nos concelhos de São Roque do Pico e da Madalena, decorrerão várias iniciativas para comemorar a elevação da vinha do Pico [uma autêntica lição de vida] a Património Mundial da Humanidade pela UNESCO.

Assim, no dia 27 de junho, o programa conta com receção dos passageiros desembarcados no aeroporto do Pico e a entrega de vouchers para visita gratuita ao Centro de Interpretação da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico e ao Museu do Vinho.

No dia 28, durante a manhã, está agendado um colóquio intitulado "A Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, contributos para o desenvolvimento sustentável", na Câmara de São Roque, e à tarde, na Câmara da Madalena, há um pico de honra com a edição especial do vinho lajido, comemorativa dos 15 anos da designação da Paisagem da Cultura da Vinha do Pico como Património Mundial, seguindo-se a sessão solene e a exibição do documentário "Vinha do Pico - Paisagem de Oportunidade", de Paulo Silva.

No dia 29 de junho, o programa conta com um Peddy Paper, no Lajido da Criação Velha pela manhã, e com uma Noite de Chamarritas, no Museu do Vinho; no dia 30 haverá provas de vinhos no Centro de Interpretação da Paisagem da Vinha do Pico.

Nos dias 1 e 2 de julho está previsto um workshop intitulado "Paisagens Culturais Vinhateiras, Património da Humanidade", decorrendo na segunda-feira na Câmara Municipal da Madalena e na terça-feira na Câmara Municipal de São Roque.

Haja saúde!


terça-feira, 25 de junho de 2019

Festa de São João 2019 no Cais do Pico


A noite de 23 para 24 junho também é sinónimo de ser a noite de São João, havendo, por isso, lugar a festa no adro do Convento de São Pedro de Alcântara (junto à Árvore do Desejo), situado no Cais do Pico, vila de São Roque do Pico.

Aqui ficam algumas fotos da festa de 2019, com os tradicionais comes e bebes e uma quermesse acompanhando um concerto pela Filarmónica Liberdade do Cais do Pico, uma fogueira e um balão de São João.

Haja saúde!



























segunda-feira, 24 de junho de 2019

Torneio de Futebol Salão dos Bombeiros 2019


Esta semana tem início mais uma edição do Torneio de Futebol Salão que se disputa no campo polidesportivo dos Bombeiros Voluntários de São Roque do Pico.

Até meado de julho de 2019, às segundas, quartas e sextas-feiras, começando pelas 20h30, várias equipas irão participar numa competição que, pelo seu historial e tradição, já marcou várias gerações e faz parte integrante das noites de verão do Cais do Pico, em particular, e da ilha montanha, em geral.

Haja saúde!

domingo, 23 de junho de 2019

Eis o que é preciso para subir o Pico: força de vontade!


Jan poderia ser apenas mais uma pessoa que decidiu subir a montanha da ilha do Pico, mas não é...

Jan é alguém que, mesmo com mobilidade reduzida e a necessitar de usar canadianas, conseguiu subir ao ponto mais alto de Portugal!

Com este feito, Jan responde verdadeiramente à questão que muitos colocam: o que é preciso para subir o Pico? Mais do que qualquer outra coisa, é preciso força de vontade!

Haja saúde!



sábado, 22 de junho de 2019

Triângulo unido em defesa de melhores ligações aéreas


Recentemente foram canceladas alguns voos entre Lisboa e as ilhas do Pico e do Faial, os quais não se deveram às condições meteorológicas, mas sim a razões técnicas e operacionais, como seja a falta de pilotos na SATA/Azores Airlines.

Toda esta situação gerou um elevado descontentamento, sobretudo na ilha montanha e na ilha azul, pois estes cancelamentos tiveram (e ainda têm) um enorme impacto no turismo, com efeitos diretos no Triângulo (São Jorge, Pico e Faial) e com potencial para denegrir a imagem turística de toda a Região.

Numa iniciativa inédita, associações empresariais e grupos de cidadãos destas três ilhas — a Associação de Turismo Sustentável do Faial, a Associação Comercial Industrial da Ilha do Pico, o grupo Aeroporto da Horta, o grupo Aeroporto do Pico, a Câmara de Comércio e Indústria da Horta e o Núcleo Empresarial da Ilha de São Jorge — uniram-se em torno da defesa de melhores acessibilidade aéreas e solicitaram uma reunião conjunta com o Governo Regional dos Açores (nomeadamente com o Presidente e com a Secretária Regional dos Transportes e Obras Públicas), a fim de discutir soluções para os atuais problemas das ligações aéreas com as gateways do Triângulo. A reunião está confirmada pelo executivo e terá lugar no dia 26 de junho de 2019, pelas 17h30, na cidade da Horta, ilha do Faial.

As soluções propostas, bem como os resultados da reunião conjunta, serão divulgados em devido tempo.

Haja saúde!

Post scriptum: Consulte aqui o memorando entregue ao Governo Regional durante a reunião em questão | Consulte aqui a carta aberta entregue como anexo na reunião anteriormente mencionada.



sexta-feira, 21 de junho de 2019

Patrocínio do Pico com Patrocínio no Pico


Carolina Patrocínio, famosa apresentadora da televisão portuguesa, decidiu vir com a família passar uns dias de férias aos Açores, mais concretamente à ilha do Pico.

A estadia na ilha montanha tem sido caracterizada pela partilha nas redes sociais de várias imagens magníficas do que a ilha montanha tem para oferecer, como seja um bom banho de mar na Piscina do Cais do Pico, zona balnear de excelência e galardoada com Bandeira Azul.

Dizem que imagens valem mais do que mil palavras, mas Carolina conseguiu ir mais além e verdadeiramente honrou o seu nome: gerou um fantástico patrocínio do Pico!

Haja saúde!


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