sábado, 10 de abril de 2021

Eis o vinho que estagiou nas entranhas do Pico


Gruta das Torres deixou de ser apenas sinónimo do maior tubo lávico de Portugal, com uma extensão de 5150 metros, para passar a designar também um vinho "irreverente".

Mais concretamente, a Cooperativa Vitivinícola da Ilha do Pico (CVIP) prepara-se para lançar o vinho 'Gruta das Torres Arinto dos Açores 2018', cujas uvas vieram de vinhas centenárias em plena zona de Património Mundial da UNESCO, plantadas também por cima do tubo lávico que lhe dá nome; no entanto, a principal razão para a designação deste vinho advém do facto de, após engarrafado, ter estagiado no interior da gruta, a 17 metros de profundidade — foram 15 meses de um sono silencioso, sem qualquer perturbação, um período em que as garrafas desfrutaram da escuridão absoluta, da temperatura constante (15º C) e da humidade acentuada (90%).

Segundo o enólogo responsável por este projeto, o estágio no interior cavernoso reflete a relação umbilical do projeto: “Metemos o vinho a estagiar na gruta um pouco como quem mete o bebé dentro do útero da mãe.” Bernardo Cabral acrescenta que carregar as 1.183 garrafas para o interior da gruta foi um trabalho um tanto ou quanto hercúleo: foi preciso mobilizar o pessoal da CVIP e um dia inteiro para o fazer, tendo-o conseguido com pleno sucesso, isto é, sem partir uma única garrafa.

Antes do engarrafamento, este vinho de 2018 fermentou juntamente com leveduras indígenas num balseiro de carvalho francês de 5 mil litros e, depois, sobre borras finas durante sete meses. Foi engarrafado em maio de 2019 e posteriormente enviado para o fundo da gruta. O enólogo responsável adianta ainda que há uma diferença assinalável entre o vinho com e sem o estágio de 15 meses na Gruta das Torres e que é a primeira vez que alguém atenta semelhante experiência nos Açores.

[Fonte: Observador]

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