sexta-feira, 30 de julho de 2021

Censos 2021: Pico é a única ilha dos Açores que perde menos população do que a média nacional


Foram recentemente divulgados os Resultados Preliminares dos Censos 2021, os quais mostram que Portugal perdeu população nos últimos dez anos, designadamente uma quebra de população residente de 1,9%.

Os Açores não só não foram uma exceção dentro do contexto nacional, como também registaram uma quebra ainda maior: o arquipélago tinha 246.772 habitantes em 2011 e perdeu 10.115 no espaço de 10 anos, o equivalente a -4,1%, tendo agora 236.657 residentes.

Particularizando por ilhas, embora todas elas tenham perdido população, existem decréscimos muito mais acentuados em algumas ilhas, como seja São Jorge (-8,6%), Flores (-9,6%) e Corvo (-10,2%), casos onde a quebra foi superior, em pontos percentuais, ao dobro da média regional. No extremo oposto surgem as ilhas de São Miguel (-3,2%), Santa Maria (-2,5%) e Pico (-1,8%), com quebras de população residente inferiores à média regional.

No entanto, a ilha montanha merece uma nota de destaque: o Pico é a única ilha dos Açores que perde menos população do que a média nacional. Mais concretamente, o Pico passou de 14.148 habitantes em 2011 para 13.895 na atualidade, ou seja, menos 253 pessoas.


Fazendo uma análise ao nível dos 19 concelhos açorianos, as estatísticas voltam a revelar mais um motivo de destaque para o Pico: o concelho da Madalena foi o único dos Açores que registou crescimento da população, passando de 6.049 residentes para 6.332, o que se traduz numa variação positiva de 4,7%.

Atendendo aos restantes concelhos da ilha montanha, houve uma quebra de 4,9% em São Roque do Pico, referentes a uma perda de 167 habitantes, isto é, de 3.388 residentes em 2011 para 3.221 na atualidade, o que coloca este concelho nortenho picoense muito próximo da média regional. No caso das Lajes do Pico, residem menos 369 pessoas hoje em dia do que em 2011, isto referente a uma variação de 4.711 para 4.342 habitantes, ou seja, -7,8%.


Considerando agora a divisão por freguesias dentro da ilha do Pico, três cenários distintos podem ser encontrados:
  • Em cinco das 17 freguesias houve um aumento da população, nomeadamente em Bandeiras (+13,6%), Madalena (+12,1%), Criação Velha (+5,2%), Santa Luzia (+3,3%) e Candelária (+0,7%);
  • Noutras quatro freguesias há agora menos população residente, porém com quebras abaixo ou equivalentes à média regional, designadamente em São Roque do Pico (-3,0%), São João (-3,1%), Prainha (-3,1%) e Lajes do Pico (-4,4%);
  • Nas restantes freguesias — Calheta de Nesquim (-7,0%), Ribeirinha (-8,0%), Piedade (-10,2%), Santo António (-11,2%), Santo Amaro (-11,5%), São Mateus (-12,3%), São Caetano (-13,5%) e Ribeiras (-14,8%) — houve um decréscimo acentuado dos habitantes.

Merece ainda ser mencionada uma estatística absoluta: enquanto a freguesia da Madalena foi a que teve a maior variação positiva, registando 312 novos habitantes, a freguesia das Ribeiras teve a maior quebra, perdendo 137 residentes nos últimos dez anos.


Em termos geográficos, os Resultados Preliminares dos Censos 2021 mostram que a zona noroeste da ilha montanha foi aquela que registou um crescimento da população residente. Aliás, as respetivas freguesias — quatro do concelho da Madalena e uma do concelho de São Roque do Pico — formam o top 5 da variação populacional (recordando: Bandeiras, Madalena, Criação Velha, Santa Luzia e Candelária).

Contudo, e ao contrário do que alguns poderiam julgar, as cinco freguesias com maior perda de população não se situam numa zona específica da ilha, mas sim estão espalhadas pelas zonas centro oeste e centro leste. Concretizando, são duas freguesias do concelho de São Roque do Pico (Santo António e Santo Amaro), duas do concelho da Madalena (São Mateus e São Caetano) e uma do concelho das Lajes do Pico (Ribeiras). Por outras palavras, isto significa que nem a zona da ponta da ilha (Ribeirinha, Piedade e Calheta), nem a zona mais central (São Roque do Pico, Prainha, São João e Lajes do Pico) perdem tanta população como outras que até estão mais perto da zona noroeste da ilha montanha.


Por fim, muitas interrogações se levantam agora, nomeadamente porque crescem uma zonas enquanto outras decrescem, bem como que medidas devem ser tomadas para um desenvolvimento mais harmonioso na globalidade da ilha montanha. Em todo o caso, e independente de haver mais ou menos migração dentro da ilha, há um facto indesmentível revelado pelos Censos 2021 e que vale a pena tornar a realçar: o Pico é a única ilha dos Açores que perde menos população do que a média nacional.

Em suma, os números não enganam: o Pico está na moda!

Haja saúde!

Post scriptum: Este artigo foi igualmente publicado na edição n.º 42.544 do 'Diário dos Açores', de 4 de agosto de 2021, bem como foi mencionado na edição n.º 23.324 do 'Diário Insular', de 5 de agosto de 2021, na edição n.º 1442 do 'Ilha Maior', de 6 de agosto de 2021, e na edição n.º 900 do 'Jornal do Pico', de 6 de agosto de 2021.

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