segunda-feira, 8 de abril de 2019

O impressionante crescimento do turismo no Pico em 2018


Só se conhece verdadeiramente os Açores quando se visita todas as nove ilhas e se vive cada uma delas. Por outro lado, e devido às particularidades de cada uma, o turismo também difere consoante a ilha em questão. Assim, e tendo por base a premissa de que analisar o passado permite não só perceber o presente, mas também antever e preparar o futuro, apresenta-se, de seguida, uma análise ao turismo nos Açores em 2018, tendo por base dados divulgados pelo Serviço Regional de Estatística (SREA).

Começando pela variação homóloga do número de hóspedes, os Açores tiveram um crescimento de 9,4%, sendo que todas as ilhas contribuíram de forma positiva para este resultado — desde os 5,9% registados em Santa Maria até uns impressionantes 24,5% na ilha do Pico.

No entanto, vale a pena salientar que mais hóspedes pode não significar mais dormidas; aliás, atente-se ao fenómeno que teve lugar em Santa Maria: apesar do crescimento no número de hóspedes, em 2018 houve um decréscimo nas dormidas (-3,0%). Em todo o caso, esta ilha foi a única que não contribuiu para o crescimento de 7,5% registado nas dormidas nos Açores em 2018 face ao ano anterior — mais uma vez, a ilha montanha foi líder neste crescimento, concretamente com um valor de 24,8%, o que representou o único crescimento a nível Açores superior a 15%.


Recordando que as dormidas são, muito provavelmente, o indicador de turismo de excelência, pois quanto maior o número de dormidas, maior o proveito para a economia regional, interessa também aos empresários do turismo que a estada média cresça — assim, para um mesmo número de hóspedes, consegue-se um maior retorno. Pois bem, e atendendo os dados estatísticos relativos a 2018, verifica-se que apenas no Pico e no Faial a estada média cresceu, pois somente nestas duas ilhas o crescimento das dormidas foi superior ao dos hóspedes. Dito de outra forma, pode-se afirmar que Pico e Faial (apenas estas) têm um resultado duplamente positivo no turismo: não só conseguiram atrair mais gente em 2018, como também estas pessoas ficaram mais tempo do que vinha sendo habitual.

Os dados do SREA permitem igualmente fazer outras análises que demonstram como o turismo varia de ilha para ilha. Por exemplo, e atendendo à nacionalidade dos turistas, é possível analisar qual a proporção entre visitantes portugueses e aqueles que são estrangeiros. Mais uma vez, as estatísticas revelam algumas diferenças dentro do arquipélago açoriano: as ilhas Graciosa, Santa Maria, Corvo, Terceira, Flores, São Jorge e Faial receberam em 2018 mais portugueses (83%, 73%, 65%, 59%, 57%, 55% e 52% dos visitantes foram nacionais, respetivamente), enquanto as restantes — Pico e São Miguel — foram mais visitadas por estrangeiros; novamente sobressai a ilha montanha, pois foi nela que se registou a maior percentagem de visitantes não portugueses nos Açores (57%, face aos 51% registados em São Miguel).


Focando agora a atenção no tipo de alojamento, pode-se fazer uma distinção entre a hotelaria tradicional (hotéis e similares) e os outros tipos de alojamento (turismo no espaço rural, alojamento local, campismo, etc.) Ao nível de cada ilha, a distribuição entre estes dois tipos de alojamento é bastante díspar: enquanto que nas ilhas Graciosa, Terceira, São Miguel e Santa Maria verifica-se que mais de dois terços das dormidas em 2018 foram efetuadas em unidades de hotelaria tradicional (84%, 75%, 73% e 66%, respetivamente), as ilhas do Pico, de São Jorge e das Flores destacam-se por serem as únicas onde mais de metade das estadias (58%, 53% e 53%, respetivamente) foram efetuadas em outros tipos de alojamento.


Até agora, as análises foram efetuadas em termos percentuais e por ilha. Contudo, e atendendo a valores absolutos do total regional, alguns resultados interessantes podem ser extraídos, onde o Pico se volta a destacar. A título de exemplo, o terceiro maior crescimento absoluto no número de dormidas em 2018 foi obtido na ilha montanha (+29.648 visitantes, quase tanto como o crescimento absoluto registado na Terceira, +31.480 visitantes).


Por outro lado, se for feito o rácio entre o crescimento absoluto das dormidas e a população residente, de forma a aferir a taxa de esforço adicional que cada ilha teve de fazer em 2018 para poder suportar o crescimento turístico, os resultados são claros: o Pico teve de fazer uma taxa de esforço adicional equivalente a mais de duas vezes a respetiva população residente (concretamente 2,2 vezes), sendo este o valor mais elevado registado a nível Açores.


Tendo em atenção as análises anteriores, há algo em comum em todas elas: o Pico está constantemente em destaque porque registou um impressionante crescimento do turismo em 2018, nomeadamente o crescimento percentual nas dormidas mais elevado a nível Açores e a maior taxa de esforço para poder acomodar este crescimento turístico. Além disso, comprova-se que a ilha montanha tem um tipo de turismo diferente: o Pico assume-se claramente como um destino onde as pessoas preferem ficar longe de hotéis e que atrai muito mais estrangeiros do que portugueses.

Resumindo, os números não enganam: o Pico está na moda!

Haja saúde!

Post scriptum: Este artigo foi igualmente publicado na edição n.º 41.842 do 'Diário dos Açores', de 9 de abril de 2019, bem como na edição n.º 779 do 'Jornal do Pico', de 12 de abril de 2019.

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