sábado, 13 de abril de 2019

Sobre a "guerra" entre São Miguel e Terceira nas ligações aéreas


Transcreve-se, em anexo, um artigo da autoria de Bruno Rodrigues, publicado na edição n.º 41.844 do Diário dos Açores, de 11 de abril de 2019, o qual aborda a questão de não haver mais incentivos para a existência de mais voos para as ilhas do "Triângulo" — São Jorge, Pico e Faial — isto quando este sub-conjunto do arquipélago já representa, em termos de camas turísticas, o segundo principal destino a nível Açores — dados comprovativos do Serviço Regional de Estatística também em anexo.

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Sobre a "guerra" entre São Miguel e Terceira nas ligações aéreas

Há uma “pseudo-disputa” instalada entre São Miguel e Terceira para ver quem tem mais voos do exterior. Aliás as “queixas” partem da Terceira. Neste jornal foram publicadas as ligações aéreas (voos diretos) 2018/19, com base numa lista da Associação do Turismo dos Açores (ATA). Nesse artigo refere-se que de Outubro 2018 a Outubro 2019 São Miguel recebe voos da Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Suécia, Espanha, Finlândia, Holanda, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos (ligações de 10 países portanto). Por seu turno a Terceira recebe voos de Amesterdão, Toronto, Boston e Oakland (ligações de 3 países). Entretanto a Secretária Regional do Ambiente e Turismo já veio anunciar o regresso da operação entre Madrid e a Terceira no próximo Inverno, ou seja, a Terceira passará a estar ligada a 4 países distintos.
É indiscutível a atratividade turística que São Miguel tem, assim como é indiscutível a importância que o Aeroporto de Ponta Delgada tem atualmente como o principal Hub dos Açores. As rotas internacionais que servem Ponta Delgada conseguem comprovadamente servir a Diáspora e as restantes ilhas via SATA Air Açores. Por via disso é natural que existam mais ligações internacionais a São Miguel e é aliás natural que continuem a aumentar no futuro.
No sentido de responder à procura da Diáspora, é natural que a Terceira disponha também de ligações a Toronto, Boston e Oakland. Felizmente a operação de Boston tem também sido utilizada por operadores para combater a sazonalidade do Turismo no Inverno. O mesmo se aplica com a operação da TUI (Amesterdão) e Madrid a partir do próximo Inverno. No entanto, estas operações charter servem apenas e só a ilha Terceira, não servem as restantes ilhas.
Com isto a questão: estando o Triângulo (São Jorge, Pico e Faial) servidos apenas pela Azores Airlines (via gateways do Pico e Horta) com regularidade e alguma qualidade no Verão IATA para Lisboa (e com necessidade de reforços, com os quais a Azores Airlines não se consegue comprometer), e sendo o Turismo do Triângulo ainda bastante sazonal (com procura bem baixa entre final de Outubro e meados de Março), o que está o Governo a preparar, em conjunto com as outras partes interessadas, para no futuro (1, 2, 3 anos, o tempo necessário para se montar uma operação com pés e cabeça) combater a sazonalidade com operações charter semelhantes àquelas que existem para a Terceira, nos referidos meses de menor procura? A Terceira tem 3782 camas que precisam de ser rentabilizadas na época baixa. No triângulo o número de camas ultrapassa atualmente as 5011.
Dá que pensar o porquê de tanta preocupação em encher onde há menos oferta e não servir melhor - leia-se, com mais voos - os que têm oferta, como o Triângulo, mas cujas ligações aéreas esgotam e não permitem tirar o máximo partido do potencial turístico.

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