quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Estreia mundial cinematográfica abre Montanha Pico Festival 2022


“A Vaguear pelo Oceano” do realizador croata Toma Zidic é o filme que abre a oitava edição do Montanha Pico Festival. A grande tela no Auditório da Madalena tem a responsabilidade da estreia mundial, esta sexta-feira, 7 de janeiro de 2022, no arranque do festival de arte e aventura com temática de cultura montanhosa.

O filme reflete a nossa relação e conflito com o meio ambiente no dia a dia. Através da vida de seus habitantes, tradições e mistérios de várias ilhas no arquipélago, surge a exploração espiritual da natureza.

Tudo começou com uma residência artística na MiratecArts. “Em novembro de 2018, descobri os Açores através do concurso para um programa de Residência Artística no festival Montanha,” explica Toma Zidic. “O que me intrigou foi o título - O caso da Atlântida. Hoje, depois de mais de três anos de dedicação a esta história, admito que foram os Açores que me descobriram e ao mesmo tempo convidaram-me, um chamado espiritual profundo que eu precisava atender.”

Além da história e do esqueleto etnológico e antropológico, o artista estava profundamente interessado em construir uma linguagem sutil e poética com os elementos da natureza. “A investigação foi extensa e graças à professora Nikica Talan, maior especialista croata em estudos portugueses, consegui mergulhar na história e tradições dos Açores,” explica o cineasta, admitindo esta parte ser fundamental porque, “assim que cheguei ao Pico, me senti em casa e bem preparado.” No entanto, a maior surpresa para o cineasta aconteceu alguns dias depois da sua chegada à ilha, mesmo antes de começar a filmar. "No 1º dia de janeiro de 2020, logo após a meia-noite, fui dar um passeio e senti uma imensa vontade de ver o oceano. Caminhei do centro da freguesia da Candelária até ao Guindaste. Havia um poste iluminando a estrada. Tudo atrás dele estava escuro como breu, mas podia-se ouvir o vento soprando, e o oceano. Decidi seguir o rumo. Quando descobri que estava caminhando sobre as rochas de lava, emergindo do mar, senti uma onda de energia que tomou conta de mim. O tempo desapareceu, fiquei pasmo, profundamente grato por tudo. No caminho de volta a casa, escorreguei e decidi caminhar descalço. Foi naquele momento que todas as minhas pesquisas foram para o lixo e resolvi seguir meu coração. Ao longo dos meses seguintes e no ano seguinte, na minha segunda visita, o filme moldou-se nesse formato, a partir do coração.”

As audiências do Pico têm assim o direito à apresentação de estreia. O filme vai ser apresentado em várias ilhas incluindo o Teatro Faialense, e o Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, ainda este mês, e depois segue para festivais internacionais. Para os eventos no Montanha Pico Festival, a audiência apresenta-se com máscara e tem que mostrar teste covid válido e negativo, assim seguindo as últimas regras da DGS para eventos culturais.

Visite www.picofestival.com para mais informações de programação.

Haja saúde!

Post scriptum:
O programa de grandes filmes no Auditório da Madalena continua às sextas-feiras em janeiro, e ainda há programação de curtas e documentários no Auditório do Museu dos Baleeiros, nas Lajes do Pico, às terças-feiras. Com cenário em montanhas, ou temas da cultura montanhosa, a mostra de 14 filmes nas noites de cinema no Montanha Pico Festival inclui ficção, assim como histórias baseadas em eventos reais e ainda documentários.

Depois da estreia mundial na abertura do festival a 7 de janeiro, "A Vaguear pelo Oceano" com a presença do cineasta croata Toma Zidic no Auditório da Madalena, a maior tela do triângulo açoriano recebe a comédia “Mulher em Guerra” no dia 14. Vencedor do Prémio Lux, o filme conta a história de uma ecologista em Reiquiavique, que decide enfrentar a indústria do alumínio num ato de justiça solidária, em prol da defesa do ambiente e contra o aquecimento global. No dia 21, é a ante-estreia portuguesa de "Cordeiro", o filme vencedor do Prémio de Originalidade, Un Certain Regard, Festival Internacional de Cinema de Cannes 2021. Esta é uma experiência cinematográfica cativante com uma história de família nas montanhas da Islândia. No dia 28, duas curtas e uma longa preenchem o programa com a estreia açoriana de “Espíritos e Rochas: um mito açoriano”, por Aylin Gokmen, e ainda “O Que Não Se Vê” por Paulo Abreu, com o documentário “I Am Greta”, por Nathan Grossman.

O Auditório do Museu dos Baleeiros abre as portas a três sessões de curtas às terças-feiras. O programa do dia 11 de janeiro é dedicado a obras de Portugal para o mundo com "Histórias de Lobos" por Agnes Meng e "A Alma de um Ciclista" do açoriano Nuno Tavares. No dia 18, o festival apresenta uma noite em inglês com "The Farmer" de Michael James Brown, "Subtle Body" de Robin Bisio, e o filme que acabou de ganhar o Prémio de Melhor Filme no Festival Montanha de Torello, "The Icefall Doctor" de Sean Burch. A 25 de janeiro o francês é a língua que lidera com o filme canadiano "Tempête Yukon" de Frederic Dion, e de cineastas franceses vamos ver "Home Lines" da Yucca Films e "Les nouveaux siffleurs d'Aas" de Richard Martin-Hordan.

Montanha Pico Festival apresenta de 7 a 30 de janeiro uma programação por toda a ilha do Pico. Além do cinema há lançamentos de livros, workshops, exposições e ainda um evento musical no topo da montanha mais alta de Portugal. Neste primeiro fim de semana, a programação continua no sábado com duas visitas a Grutas e o projeto do saxofonista Luis Senra "Abaixo da Superfície", com a poesia de Filipa Gomes. A tarde de domingo é na Casa da Montanha com o encontro para a expedição fotográfica anual do festival.




Sem comentários:

Enviar um comentário

Para evitar perder a ideia do comentário, sugere-se que escreva primeiro o mesmo num editor de texto e depois copie para aqui; assim, se ocorrer algum erro (por vezes não funciona à primeira), tem sempre cópia do seu texto.

Muito obrigado por comentar neste blog! Haja saúde!