terça-feira, 11 de abril de 2017

Minicrise aérea no "Triângulo"


O Serviço Regional de Estatística dos Açores divulgou recentemente os dados relativos ao transporte aéreo que permitem fazer uma análise ao primeiro trimestre de 2017. As estatísticas mostram que continua a haver um crescimento generalizado dos passageiros aéreos de e para as ilhas açorianas, o qual atingiu 11,7% como valor médio.


Analisando o desempenho observado em cada ilha, quatro delas registaram um crescimento superior à média regional (Corvo, Terceira, São Miguel e Graciosa). Isto significa que, de entre as cinco ilhas restantes (Flores, Pico, São Jorge, Santa Maria e Faial) e pela primeira vez em muitos meses, nenhuma ilha do "Triângulo" (Pico, São Jorge e Faial) superou a média regional.

Se for feito um ranking regional dos passageiros aéreos no primeiro trimestre de 2017, o Pico (8,9%) ocupa 6.º lugar, São Jorge (8,7%) o 7.º lugar e o Faial (-2,0%) o 9.º e último lugar. Adicionalmente, não só o único decrescimento de passageiros aéreos nos Açores foi observado numa ilha do "Triângulo", como esta zona do arquipélago registou um crescimento médio de 2,9%, o qual é bastante inferior à esmagadora maioria das restantes ilhas.

O Pico, São Jorge e o Faial são o expoente máximo da sensação de arquipélago na Região Autónoma dos Açores, pois são ilhas com paisagens e culturas diferentes mas que se avistam entre si todos os dias; mais ainda, estas ilhas têm a particularidade de, no contexto regional, se poder alcançar as restantes recorrendo às ligações marítimas regulares. Tudo isto, à primeira vista, deveria tornar esta zona tripartida num destino apetecível. Mas o que estes dados estatísticos mostram é que é necessária uma ponderação por parte de várias partes (operadores turísticos, decisores políticos, etc.), de forma a se perceber o que correu menos bem no "Triângulo" que justifique esta assimetria face à restante realidade açoriana.

Haja saúde!

Post scriptum: Esta artigo foi igualmente publicado na edição n.º 676 do 'Jornal do Pico', de 13 de abril de 2017.

3 comentários:

  1. Tenho para mim que é melhor crescer solidamente do que crescer depressa. Ainda mais assim no campo do turismo, em que não nos interessa o modelo massificado, de baixa qualidade porque optaram Saão Miguel e Terceira.
    Duvido que um crescimento de 2,9% seja uma crise...

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  2. Obrigado pelo comentário.
    Eu concordo plenamente com o que disse, nomeadamente "é melhor crescer solidamente do que crescer depressa." E é por esse mesmo motivo que a palavra "minicrise" que utilizei se justifica e que passo a explicitar.
    Entendo que o crescimento económico das ilhas derivado do turismo deve apostar primeiro em alargá-lo no ano, ao invés de ser concentrado e de massas na época de verão.
    Admitindo que existe uma relação direta entre o movimento dos passageiros aéreos e o turismo, não há massificação do turismo quando crescem os passageiros na época baixa. Por exemplo, o "Triângulo" movimentou no primeiro trimestre deste ano cerca 30.000 pessoas nos seus aeroportos, enquanto só no mês de agosto do ano passado movimentou o dobro deste valor!
    Ora, quando praticamente o restante arquipélago consegue crescer a dois dígitos na época de inverno e as ilhas do "Triângulo" ocupam os últimos lugares, inclusivamente tendo uma das ilhas a registar decréscimo nos passageiros, algo não está a correr bem!
    Se estas três ilhas crescem muito só no verão, aí sim teremos um turismo massificado e de baixa qualidade, concentrando tudo na época alta.
    Por outro lado, se houvesse apenas pouco crescimento na época alta e muito crescimento na época baixa, poderíamos afirmar que a distribuição ao longo do ano era mais equilibrada e bem melhor para a economia local!
    Haja saúde!

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