terça-feira, 7 de março de 2017

O turismo nos Açores em 2016


Ao longo das últimas décadas, a Região Autónoma dos Açores tem feito uma enorme aposta no setor do turismo, sobretudo no domínio do turismo de natureza. Atualmente, é notório uma maior presença, a cada ano que passa, de turistas nas ilhas açorianas. Assim, torna-se interessante analisar alguns dados estatísticos de forma a perceber como vai o turismo açoriano.

De entre os vários dados estatísticos disponíveis para analisar o turismo, tais como entradas em museus (onde o Museu do Pico foi o mais visitado dos Açores), provavelmente as dormidas são o melhor indicador relativo às pessoas que visitam as ilhas açorianas — quanto maior o número de dormidas, maior o proveito para a economia regional. Analise-se então as dormidas nos Açores no ano passado, recorrendo, para esse efeito, aos dados divulgados pelo Serviço Regional de Estatística.

Em 2016, 1.880.072 dormidas foram efetuadas nos Açores, o que representou um crescimento de 26,7% face a 2015, sendo que estas dormidas dividiram-se pela hotelaria tradicional (1.543.588 dormidas — crescimento de 21,1%), turismo em espaço rural (51.210 dormidas — crescimento de 9,4%) e alojamento local (285.274 dormidas — crescimento de 75,6%).


Como é possível observar, a esmagadora maioria das dormidas foram efetuadas em unidades hoteleiras tradicionais (82%), seguindo-se o alojamento local (15%) e por fim o turismo em espaço rural (3%). No entanto, é muito interessante observar que, ao nível de cada ilha, a distribuição por estes três tipos de alojamento é bastante díspar: enquanto que a tendência descrita anteriormente é verificada em Santa Maria, São Miguel, Terceira e Graciosa (onde, em todas estas ilhas, mais de 85% das dormidas foram efetuadas na hotelaria tradicional), a hotelaria não tradicional assume um grande peso no caso das restantes ilhas (sempre acima dos 25%), destacando-se as ilhas do Pico e das Flores, onde pelo menos metade das estadias foram efetuadas ou em espaços de turismo rural ou em unidades de alojamento local.


Comparando agora os valores absolutos por ilha e por tipo de alojamento, na hotelaria tradicional verifica-se que a ilha de São Miguel concentra mais de metade das dormidas nos Açores, seguida da Terceira e depois pelo Faial.


No caso do turismo em espaço rural, a ilha de São Miguel volta a liderar as dormidas a nível regional, mas desta vez tem apenas uma maioria relativa, seguindo-se no ranking a ilha do Pico e depois o Faial (como curiosidade, Pico e Faial juntos têm mais dormidas neste tipo de alojamento do que a ilha de São Miguel, sendo que Pico+Faial+Flores reúnem mais de metade das dormidas nos Açores no que toca ao turismo em espaço rural).


Considerando o alojamento local, a ilha de São Miguel volta a concentrar mais de metade das dormidas nos Açores, seguindo-se no pódio a ilha do Pico e depois o Faial.


Fazendo um balanço global do turismo nos Açores em 2016, as conclusões a tirar são:
  • As dormidas na hotelaria tradicional têm o peso mais preponderante a nível regional, mas o alojamento local é o que mais cresce nos Açores;
  • As ilhas do Pico e das Flores destacam-se por serem as únicas ilhas onde pelo menos metade das dormidas foram efetuadas ou em espaços de turismo rural ou em unidades de alojamento local;
  • A ilha de São Miguel lidera o ranking regional em todos os três tipos de alojamento, sendo que na hotelaria tradicional, bem como no alojamento local, concentra mais de metade das dormidas a nível Açores;
  • Considerando as dormidas em unidades hoteleiras tradicionais, Terceira e Faial são as outras duas ilhas que ocupam o segundo e terceiro lugares do ranking, respetivamente;
  • Tendo em atenção as dormidas em espaços de turismo rural ou em unidades de alojamento local, Pico e Faial são os destinos preferidos, respetivamente, após a ilha de São Miguel.

Por fim, aqui fica uma análise particular ao caso da ilha montanha: tal como as estatísticas comprovam, o Pico pode ser considerado como o segundo destino mais procurado dos Açores por todas as pessoas que preferem ficar longe de hotéis, sendo por isso válida a aposta em espaços de turismo rural ou em unidades de alojamento local, onde já se registam metade das dormidas na ilha montanha e com tendência de subida (pois era de 40% em 2015 e em 2016 atingiu os 50%).

Resumindo, os números não enganam: o Pico está na moda!

Haja saúde!

Post scriptum: Esta análise foi igualmente publicada na edição n.º 41.219 do 'Diário dos Açores', de 10 de março de 2017. Adicionalmente, os dados estatísticos aqui publicados foram mencionados na edição n.º 1.213 do semanário 'Ilha Maior', de 17 de março de 2017. Link para uma outra análise ao caso particular da ilha do Pico no que respeita ao alojamento local em 2016.

1 comentário:

  1. Let's hope the Pico leadership have the vision to keep Pico for rental ecotouristm instead of making it as bad and boring as anywhere else with ugly Hotels.
    If they have money to throw at things, let it be the preservation and renovation of stone buildings and/or the construction of new stone ones.
    To preserve the old ones, I suggest preservation orders. People should also be prohibited from cementing over stone buildings.
    For new stone constructions, if there is a shortage of corner stones, I suggest making the corners round, with an approximate radius of 1-2m.
    ALL Pico Children should be taught to how make stone walls at school. It's not difficult.

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